migalhas de pão

Será que eu encontro o caminho de volta?

3.6.05

Maravilhas dos meu felinos I

Godão derrubou o sumiê.

Foi assim. Estavam todas as coisas preparadas sobre a escrivaninha. Eu gosto de ser metódica e prepará-las. Ali é o lugar da tinta; ali o estojo de penas, ali é é o canto do godê de cerâmica onde deixo um pouco d'água (é eu sei não se usa a água, pois bem eu uso!) uma pilha com os envelopes que fica exatamente ali; e bem ali a lista dos nomes dos convidados; um pedaço de mata borrão um pouco já usado onde deixo a tinta as vezes acumulada escorrer na pena fica ali, bem pertinho da minha mão direita; e ali sabe, do lado do godê (na verdade é um vidro já usado da sheaffer, gosto daquele dopositozinho que ele tem) fica o mata borrão (ai ai, é tão legal brincar de balanço com ele) .

Tudo arrumado fui tomar a tradicional taça de vinho de antes de começar o trabalho.

Ouvi um miado em vibrato. Voltei.

Pegadas de patinha caminhavam do fio negro que escorria da mesa até o rack do computador, que agachando pude encontrar os bigodes brancos tremendo, e uma acusatória mancha negra escorrendo ao lado da orelha.

Verifiquei o estrago. Os envelopes não se salvaram, o mata borrão não se salvou, o vidro que uso de godê estilhaçou no chão.

Abaixei de novo e tentei tirar Godão do esconderijo. Os músculos se contraiam mais do que eu podia aguentar. Os outros olhavam-no num quase rindo irônico esperando a bronca que eu não tive coragem de dar.

Tão nervoso ele estava, que o que eu fiz foi começar a limpar o prejuizo. Aproveitei com um papel filtro, para recolher as patinhas acusatórias impressas no chão.

Godão ainda não saiu de lá de baixo. Os outros já se esqueceram do ocorrido.
E eu deixei o celular desligado com medo da cliente me cobrar a encomenda que precisa ficar pronta hoje a tarde.

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