migalhas de pão

Será que eu encontro o caminho de volta?

9.6.05

momentos I

Eu não gosto dos fins de tarde.
Nunca gostei.
E aqui no meu canto os fins de tarde chagam mais cedo graças aos dois andares de rodovia em frente ao meu prédio que um dia já foi luxuoso.
De repente o chão fica mais frio. e a luz vai embora. Os Gatos acordam, se tornam mais agitados nesses fins de tarde. O trânsito começa a parar. O ar se polui mais. Fico triste pelos que estão presos no não fluxo.
Fico triste pelos que estão no não fluxo. Fico triste pelos meus vizinhos papeleiros que tem suas casas mais um dia esfumaçadas. Fico triste pelos cachorros que se incomodam com o barulho. E ficando triste assim começo a ficar trite também pelo mundo. Fico triste pelos que passam fome, sede, necessidades. Fico triste pelos que passam necessidade de amor. Fico triste pelos que não tem pais. Fico triste pelos que tem pais ruins. Fico triste pelos que tem pais que tentam não ser ruins e no melhor dos esforços não conseguem. Fico triste pela criança que não pode comer o doce de morango bonito da padaria. Fico trite pela floresta amazônca sendo destruida. Fico triste pela formação do buraco na camada de ozônio. Fico triste pelo drama no iraque. Fico triste pelos mortos no 11 de setembro. Fico triste pelos aidéticos na África. Fico triste pela praga dos coelhos na Austrália. Fico triste pelo risco de extinção dos pandas. Fico triste pela extinção dos dinossauros.
E de repente... quando esse momento passa, esse fim de tarde que faz as coisas terminaram, sinto o perfume mágico da noite que chega. Que renova, que une as famílias e os amantes, e eu e meus gatos. Deito com eles. E fico feliz de sentir o Tomate deitar sobre os meus ombros.

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