migalhas de pão

Será que eu encontro o caminho de volta?

17.10.94

mudança de escola

De repente eu me vi sozinha.
Fiquei na dúvida se os outros que tinham ido embora ou se eu que tinha os afastados. Cheguei a conclusão que isso não fazia diferença. Um molhado na minha maçã do rosto, será uma lágrima? Não era... começara a chover.
Será que nem chorar consigo?
Estou sozinha.... medo? Não, angustia? não, sou jovem demais para me angustiar, nem sei o que é isso. Apenas solidão.
Será que foi isso que senti a primeira vez que minha mãe deixou de atender o meu choro? Não, isso seria desamparo. Dúvida... e esses que me rodeiam quem são? Andam como sombras para mim... cada um é um, mas são todos iguais... caminham como formigas... zombam de mim. Até as fomigas me acham ridícula.
Seria eu também uma formiga?
Talvez já tivesse sido em algum momento, agora não mais. Agora meu passos marcam a terra abruptamente como os dos elefantes. Meio sorriso se abre, gosto dos elefantes.
Seria eu então um elefante?
Não, minha memória é confusa, não me lembro que roupa usei ontem. Estava frio devia estar de calça. Ou senti o frio porque estava de saia? Não lembro da rupa. Lembro do frio. Lembro de já ter sido feliz. Não sou mais feliz?
Que bobagem... como pode alguem não ser feliz? alguém que tem de tudo na mão. Não tenho o direito de ser feliz. Não posso me fazer infeliz.
A solidão bate de volta como um vento. Sinto-a como uma friagem, uma dor que não é dor, é um pouco dor e um pouco cansaço, mas sem antes ter me fadigado.
A chuva continua a cair.
Devo estar me confundindo. Deve ser só a friagem da chuva.