migalhas de pão

Será que eu encontro o caminho de volta?

2.6.01

Camas alheias I

Aline ao acordar percebeu que de novo estava numa cama estranha, não chegava a ser de casal.Sentiu a combinação dos mais inúmeros cheiros, mistura de perfume doce, daquele sabor melancia com fluidos corporais com maquiagem barata, com um inúmero não sei o que lá que completavam a imagem do mais usado e repetidamente mal lavado lençol que não chegava a cobrir completamente o colchão que parecia ainda dormir cansado abaixo dela.
Sentou-se, tinha um pouco de enjôo. No canto da cama viu um resto da garrafa de velho barreiro. Sem rótulo. Ela gostava de sentir o rótulo se desgrudando do vidro... achava divertido.... sempre se divertira com pouco. Um pouco mais a um dos lado (ela nunca descobriu a qual dos dois era direta e qual era esquerda) a groselha tingia o chão.
Pegou a garrafa e deitou um gole, o bombeirinho revitalizava-a. A imagem do Popeye engolindo a lata de espinafre passou por sua cabeça. Gargalhou sozinha terminando num meio sorriso. Se vestiu, pegou suas coisas. Não tinha dinheiro na sua carteira “que vaca! E parecia tão ingênua! Disse ainda que nunca tinha se entregado assim! Como eu fui idiota, me deixar levar por umazinha. Ta eu sei, eu sou idiota. Bom, como eu vou sair daqui agora.... ai, e agora, já tá na hora de eu estar chegando em casa... ai, ai, ai....” tragou mais um gole. “puta merda! Como isso tá ruim”.
Virou de lado. Não tinha notado em cima da cama um amontoadinho de coisas.
“deixe-me ver, deixe-me ver” 30 reais “humm bom” bilhetinho.... “ai meu Deus!!! Tem corações!!!!”
“Meu Amor,” “pieguice....” “eu não sabia se lhe acordava, mas você era um anjo dormindo... foi tão bom dormir abraçada com você, me enrolar em seus sonhos... Não sei o que você fez comigo... Você se sente assim?” ”Assim como enjoada? Com vontade de ir no banheiro?” Levantou e foi no banheiro, voltou “Espero que sim, esse é meu número xxxx-xxxx, me liga ainda hoje! Se perguntarem fala que é quer perguntar uma coisa de física. Tem prova amanhã. Não vou sair do lado do telefone. Olha, desculpa sair assim, mas é que se eu chegar tarde meus pais me matam” “eu sei como é...” “Mas não ache que eu não lhe quero, eu te amo viu?” “Oh pequena, o que você sabe sobre o amor?” “E desculpa por mexer nas suas coisas... só queria ter certeza que o dinheiro ia dar e que você não ia ficar presa aqui” “Uhuú!!! Meu faro não falha... ingênua é ingênua” “Olha, aqui ta um dos brincos que eu tava usando hoje a noite, guarda com você para se lembrar de mim... Me liga heim? Eu te amo Sua namorada xxxx
Pegou os 30 reais e enfiou no soutien (suas roupas nunca tinham bolsos).

Descobriu o caminho de volta, pensou na pequena. “ela realmente deve achar que me ama, que é minha namorada, deve achar que uma boa trepada faz o amor. Ta deixa de ser escrota Aline, ela é uma criança!” Abaixou os olhos. “Talvez o amor faça uma trepada melhor ainda....”

“eu devia é aproveitar, nunca tive ninguém... fingir que se ama não deve ser tão difícil... tanta gente faz isso. Porque eu não consigo me ver assim? Namorando sem amar profundamente?” Se sentia suja, a roupa cheirava muito mal. Os que subiam no ônibus estavam cheirosos prontos para um novo dia.
“Que besteira, eu nem sei o que é amar profundamente.”
O ônibus estava começando a ficar cheio. Ela levantou para dar lugar a alguém. Não gostava de ver gente em pé enquanto ela estava sentada. “é mas eu sei o que é não amar profundamente. E sei que nada do que eu já senti por alguém é amar profundamente”
O ônibus deu uma freada abrupta. Alguns passageiros gritaram reclamação. Aline deu um meio sorriso. Tinha se divertido com o balanço.
“Será que e aquele sem saber o que fazer quando Iracema aparece na minha frente? Não. Aquilo é só uma paixãozha infantil de menininha idiota que eu sou.”

Na janela o sol brilhava devagar e melancólico. Aline entreabria os olhos que ardiam pela claridade “Eu não gosto desse sol da manhã... ele dói um pouco no peito

Camas alheias I

Aline ao acordar percebeu que de novo estava numa cama estranha, não chegava a ser de casal.Sentiu a combinação dos mais inúmeros cheiros, mistura de perfume doce, daquele sabor melancia com fluidos corporais com maquiagem barata, com um inúmero não sei o que lá que completavam a imagem do mais usado e repetidamente mal lavado lençol que não chegava a cobrir completamente o colchão que parecia ainda dormir cansado abaixo dela.
Sentou-se, tinha um pouco de enjôo. No canto da cama viu um resto da garrafa de velho barreiro. Sem rótulo. Ela gostava de sentir o rótulo se desgrudando do vidro... achava divertido.... sempre se divertira com pouco. Um pouco mais a um dos lado (ela nunca descobriu a qual dos dois era direta e qual era esquerda) a groselha tingia o chão.
Pegou a garrafa e deitou um gole, o bombeirinho revitalizava-a. A imagem do Popeye engolindo a lata de espinafre passou por sua cabeça. Gargalhou sozinha terminando num meio sorriso. Se vestiu, pegou suas coisas. Não tinha dinheiro na sua carteira “que vaca! E parecia tão ingênua! Disse ainda que nunca tinha se entregado assim! Como eu fui idiota, me deixar levar por umazinha. Ta eu sei, eu sou idiota. Bom, como eu vou sair daqui agora.... ai, e agora, já tá na hora de eu estar chegando em casa... ai, ai, ai....” tragou mais um gole. “puta merda! Como isso tá ruim”.
Virou de lado. Não tinha notado em cima da cama um amontoadinho de coisas.
“deixe-me ver, deixe-me ver” 30 reais “humm bom” bilhetinho.... “ai meu Deus!!! Tem corações!!!!”
“Meu Amor,” “pieguice....” “eu não sabia se lhe acordava, mas você era um anjo dormindo... foi tão bom dormir abraçada com você, me enrolar em seus sonhos... Não sei o que você fez comigo... Você se sente assim?” ”Assim como enjoada? Com vontade de ir no banheiro?” Levantou e foi no banheiro, voltou “Espero que sim, esse é meu número xxxx-xxxx, me liga ainda hoje! Se perguntarem fala que é quer perguntar uma coisa de física. Tem prova amanhã. Não vou sair do lado do telefone. Olha, desculpa sair assim, mas é que se eu chegar tarde meus pais me matam” “eu sei como é...” “Mas não ache que eu não lhe quero, eu te amo viu?” “Oh pequena, o que você sabe sobre o amor?” “E desculpa por mexer nas suas coisas... só queria ter certeza que o dinheiro ia dar e que você não ia ficar presa aqui” “Uhuú!!! Meu faro não falha... ingênua é ingênua” “Olha, aqui ta um dos brincos que eu tava usando hoje a noite, guarda com você para se lembrar de mim... Me liga heim? Eu te amo Sua namorada xxxx
Pegou os 30 reais e enfiou no soutien (suas roupas nunca tinham bolsos).

Descobriu o caminho de volta, pensou na pequena. “ela realmente deve achar que me ama, que é minha namorada, deve achar que uma boa trepada faz o amor. Ta deixa de ser escrota Aline, ela é uma criança!” Abaixou os olhos. “Talvez o amor faça uma trepada melhor ainda....”

“eu devia é aproveitar, nunca tive ninguém... fingir que se ama não deve ser tão difícil... tanta gente faz isso. Porque eu não consigo me ver assim? Namorando sem amar profundamente?” Se sentia suja, a roupa cheirava muito mal. Os que subiam no ônibus estavam cheirosos prontos para um novo dia.
“Que besteira, eu nem sei o que é amar profundamente.”
O ônibus estava começando a ficar cheio. Ela levantou para dar lugar a alguém. Não gostava de ver gente em pé enquanto ela estava sentada. “é mas eu sei o que é não amar profundamente. E sei que nada do que eu já senti por alguém é amar profundamente”
O ônibus deu uma freada abrupta. Alguns passageiros gritaram reclamação. Aline deu um meio sorriso. Tinha se divertido com o balanço.
“Será que e aquele sem saber o que fazer quando Iracema aparece na minha frente? Não. Aquilo é só uma paixãozha infantil de menininha idiota que eu sou.”

Na janela o sol brilhava devagar e melancólico. Aline entreabria os olhos que ardiam pela claridade “Eu não gosto desse sol da manhã... ele dói um pouco no peito