migalhas de pão

Será que eu encontro o caminho de volta?

12.7.07

estrelas

Sinto um vazio bem assim dentro de mim. Tão dentro que não consigo tocá-lo. Mas é um vazio como que um buraco negro, ele preenche espaço, ele suga o que está em volta, mas não se preenche nunca.
Tento com tudo preenchê-lo. Amigos, parentes, mas acho que lá é o lugar do amor. O lugar que meu grande amor criou, e quando foi embora. Foi isso que deixou.
Mas não é outro amor que cabe lá. Só aquele que ocupa. Não que não acredito que terei outros amores, mas esse deixaram vazios. Serão outras estrelas.
Então é por isso que chamam amores de estrelas?

10.7.07

pensamentos aleatórios I

Os meus dias têm sido compridos, as horas demoram para passar. Mas as longas horas que eu durmo transforma-os em numericamente curtos.
Os números são mentirosos. Mas são fascinantes, mágicos. Não entendo porque acreditam sempre neles. Me dê tantos pãeszinhos, ah o peso deles é esse e por isso o total a pagar é esse.
E esse?
o que é esse que muda todos os dias? Esses que não vem de mim, e por isso me fazem tanto sofrer.
Por que os dias não são iguais?
Por que eu não pago mais o mesmo tanto todos os dias pelos pãeszinhos?

9.7.07

Faz tempo que eu não mexo aqui....
Andei esquecendo de quanto escrever é bom para mim.
Andei esquecendo de como desenhar é bom para mim.
Sinto falta de quando isso fazia parte do meu trabalho. Desenhar e escrever ao mesmo tempo é um sonho. Um sonho que por um tempo realizei.
Enfim.
Voltarei
Espero que não tenham se esquecido de mim

eu vim

Pensou que eu não vinha mais, pensou
Cansou de esperar por mim
Acenda o refletor
Apure o tamborim
Aqui é o meu lugar
Eu vim
Fechou o tempo, o salão fechou
Mas eu entro mesmo assim
Acenda o refletor
Apure o tamborim
Aqui é o meu lugar
Eu vim
Eu sei que fui um impostor
Hipócrita querendo renegar seu amor
Porém me deixa ao menos ser
Pela última vez o seu compositor
Quem vibrou nas minhas mãos
Não vai me largar assim
Acenda o refletor
Apure o tamborim
Preciso lhe falar
Eu vim
Com a flor dos acordes que você
Brotando cantou pra mim
Acenda o refletor
Apure o tamborim
Aqui é o meu lugar
Eu vim
Eu era sem tirar nem pôr
Um pobre de espírito ao desdenhar seu favor
Porém meu samba o trunfo é seu
Pois quando de uma vez por todas
Eu me for
E o silêncio me abraçar
Você sambará sem mim
Acenda o refletor
Apure o tamborim
Aqui é o meu lugar
Eu vim

24.7.05

Kika1

— Você está quieta sinto falta de sua voz — falou isso quase que num sussurro…
— Estou pensando.
— Em mim?
— Sempre — e estava, não sempre, e não que precisasse pensar para dar essa resposta. Sempre pensar em dar, mesmo que não fosse para ela.
E assim arrebatedoramente invadiu minha mente os mesmos diálogos, as mesmas conversas, as mesmas histórias, beijos, carinho abraços, tapas.....

— Lika?
— Oi
— Ta vendo aquela porta ali?
— Eu fechei para não entrar o monstro da porta aberta

—Eu, o monstro da porta aberta, entrei pela frestinha.... — E pulou em cima de mim, E aí sim vieram os mesmos risos, as mesmas vozes esganiçadas das duas... as mesmas rouquidões. Mas não... beijos não mais, mais não. Até que assim nesse naturalmente que fazíamos interrompemo-nos uma caída ao lado da outra.

O céu que nos cobria não se decidia em ser azul ou enevoado. Era azul. Eram nuvens.
—Olha a gente refletida lá no céu!
— Ah não! Aquilo é um elefante, quase cinza : )
— Então somos duas elefoas —riamos
— É elefoas ou elefantas?

19.6.05

momentos II

Olhava a prateleira de tintas guardadas, caixinha de penas onde sabia estarem todas limpas dentro dela, os papeis, o mata-borrão, as coisas todas guardadas atrás da porta de vidro. Do outro lado a tipografia toda - e como ela ocupa espaço - também parada. Tudo parado e é nesse momento que sinto falta da casa de minha mãe. Onde me ocupava com os estudos, estudos sempre nos ocupam tempo, e onde quando não tinha mais estudos para me ocupar tempo tinha grandes amigos que também me ocupavam tempo.
Depois que vim para São Paulo não tenho amigos, ao menos não grandes amigos. Ah sim, nisso eu me esqueço do Godão, da Alface, do Tomate, das minhas penas, dos meus tipos, das minhas tintas, mas eu precisava amigos humanos também. Mas também não da maneira que os tinha na adolescencia. Me alegro de tê-los abandonado. Amigos que se faziam amigos pela necessidade de ter amigos, e de se firmar como uma pessoa que é amada (embora não seja), mas que não entendem nossas dores, que não entendem nosso amores.
Ainda não conheci alguem que entendesse minha forma de amar.
Ah, e eu amo tanto! Amo com o mais profundo ser da minha alma os outros simplesmente por eles serem; eles estarem; eles existirem.
E de outra forma amei alguem. Alguem que me fez deixar de existir sem esse alguem. Mas esse foi embora. É assado. Era alguem que não era para ser amado.
Nesses momentos que não ocupo meu tempo com o trabalho, ocupo meu tempo com minhas complicações. Com o abandono da faculdade. Com o medo infantil de meus pais descobrirem - ah e certamente terá um momento em que eles vão em descobrir - desse meu abandono. De precisar que não saibam do abandono para continuar sendo sustentada, enquanto existem esses momentos em que as penas descansam.
Acho que eu devia ocupar meu tempo para não pensar.
Vou parar com esse blablabla e ler um livro.

10.6.05

9.6.05

momentos I

Eu não gosto dos fins de tarde.
Nunca gostei.
E aqui no meu canto os fins de tarde chagam mais cedo graças aos dois andares de rodovia em frente ao meu prédio que um dia já foi luxuoso.
De repente o chão fica mais frio. e a luz vai embora. Os Gatos acordam, se tornam mais agitados nesses fins de tarde. O trânsito começa a parar. O ar se polui mais. Fico triste pelos que estão presos no não fluxo.
Fico triste pelos que estão no não fluxo. Fico triste pelos meus vizinhos papeleiros que tem suas casas mais um dia esfumaçadas. Fico triste pelos cachorros que se incomodam com o barulho. E ficando triste assim começo a ficar trite também pelo mundo. Fico triste pelos que passam fome, sede, necessidades. Fico triste pelos que passam necessidade de amor. Fico triste pelos que não tem pais. Fico triste pelos que tem pais ruins. Fico triste pelos que tem pais que tentam não ser ruins e no melhor dos esforços não conseguem. Fico triste pela criança que não pode comer o doce de morango bonito da padaria. Fico trite pela floresta amazônca sendo destruida. Fico triste pela formação do buraco na camada de ozônio. Fico triste pelo drama no iraque. Fico triste pelos mortos no 11 de setembro. Fico triste pelos aidéticos na África. Fico triste pela praga dos coelhos na Austrália. Fico triste pelo risco de extinção dos pandas. Fico triste pela extinção dos dinossauros.
E de repente... quando esse momento passa, esse fim de tarde que faz as coisas terminaram, sinto o perfume mágico da noite que chega. Que renova, que une as famílias e os amantes, e eu e meus gatos. Deito com eles. E fico feliz de sentir o Tomate deitar sobre os meus ombros.